Lembranças Medievais III

Antigo Canto de Amergin

O templo jazia vazio e o oratório intacto e escuro, local de antigas praticas misticas,

rituais e meditações.
Acendi um círio branco,

queimei um feixe de incensos de sândalo e logo a densa fumaça encheu o
ambiente.

Sentei-me sobre a pedra, apenas observei minha respiração

semicerrei os olhos, relaxei os lábios entreabri a boca,

todo um momento começava a se modificar.

As primeiras palavras recitadas por mim,

ecoavam por todas as paredes num tino férreo,

e aos poucos,
cada palavra ajustada a sua frequência,

tomava sua verdadeira forma e ficando cada vez mais
densa...o Antigo Canto de Amergin ressoava:

EU SOU O VENTO QUE SOPRA PELOS MARES,

EU SOU O MACHO SELVAGEM,

EU SOU A ÁGUIA NO PENHASCO,

EU SOU RÁPIDO COMO O GAVIÃO,

EU SOU GUERREIRO DE MUITAS BATALHAS,

EU SOU FORTE COMO UMA LANÇA,

EU SOU A PONTA DE UMA ESPADA,

EU SOU A PELE DO TAMBOR QUE CONCLAMA À GUERRA,

EU SOU A CORDA DA HARPA,

EU SOU O CAMPEÃO DOS FORTES,

EU SOU A VISTA DA MONTANHA MAIS ALTA,

EU SOU A SABEDORIA DO POÇO MAIS FUNDO,

EU SOU O VENCEDOR DO DIA E DA NOITE.

SEMPRE VIVI.

JÁ FUI TUDO!

Alguns dos versos clamaram mais em meu interior e eu os repetia,
assim vibravam com
maior intensidade,meu tempo e meu espaço já não eram os mesmos, alteraram-se.



Eu já podia
visualizar a mão do Cavaleiro (Animus) saindo da fumaça do incenso.

A mão que empunhava a magnifica Espada;
no seu dedo repousava um Anel.
O cavaleiro aproximou sua mão para onde eu estava

de modo que o anel ficou incrivelmente nítido, observei
atentamente o desenho e a ornamentação.

Era este então o anel da Dama do Lago (Anima),
o anel que tem o poder de destruir todo os
encantamentos, ilusões e tentações do caminhho.

Meditava sobre o Anel.

Concentravam-se no mesmo ponto,

minhas dúvidas, preocupações e inseguranças
sobre as vidas, visiveis e invisiveis,

tocáveis e intangívies e nesse momento sentia o

Poder Dos Ancestrais

Todos os cavaleiros e guerreiros fluiam em mim.

Um brilho intenso cintilante emanava do Anel e envolvia-me,

um facho luminoso atingiu-me no topo da
cabeça e eu passava a irradiar toda essa luminosidade sobrenatural

pelos sete orifícios do meu crânio
além das mãos.

Deixei-a invadir meu coração e pulmões ao respirar,

a LUZ penetrava nos músculos de
meu peito e ombros, abdômen e baixo ventre ,

músculos das pernas e pés.Após alguns instantes a
luminosidade começa a diminuir e só sinto a fumaça do incenso,

volto ao meu estado normal de
consciência e repito quase sem perceber....

SEMPRE VIVI.

JÁ FUI TUDO!

Era/Dark Voices